Idealizado pela Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, o Barco Hospital Papa Francisco foi inaugurado oficialmente em 17 de agosto de 2019, na cidade de Belém (PA). Sua base está localizada em Óbidos, no Pará, de onde parte para atender mais de 1.000 comunidades ribeirinhas na região amazônica, levando saúde e assistência às populações isoladas. 

Com 32 metros de extensão, o hospital flutuante conta com uma equipe fixa de 20 tripulantes e cerca de 10 voluntários que participam de expedições com duração entre 7 e 10 dias. O barco possui uma estrutura moderna e completa, que inclui consultórios médicos e odontológicos, centro cirúrgico, sala oftalmológica, laboratório, sala de medicação, sala de vacinação e leitos de enfermaria. Também está equipado com aparelhos de diagnóstico de última geração, como raio-X digital, mamografia, ecocardiograma, ultrassom e eletrocardiograma. Além da atenção básica, a equipe realiza exames e triagens para prevenção e diagnóstico precoce do câncer, garantindo um atendimento integral e humanizado.
Segundo os engenheiros responsáveis, não existe no Brasil embarcação hospitalar com estrutura semelhante. O projeto nasceu da inspiração durante a Jornada Mundial da Juventude em 2013, quando o Papa Francisco, ao visitar o hospital no Rio de Janeiro, incentivou a Fraternidade a levar a missão para a Amazônia. Desde então, a Associação assumiu a gestão de dois hospitais na região — em Óbidos e Juruti — e decidiu levar o hospital até as comunidades ribeirinhas, já que muitas pessoas têm dificuldades de deslocamento até unidades fixas.

O Barco Hospital conta ainda com o apoio de duas "ambulanchas" que fazem o atendimento nas comunidades ribeirinhas e realizam o transporte para casos de urgência e emergência, funcionando como retaguarda para o hospital flutuante. Além do cuidado médico, a embarcação tem um sacerdote frade
franciscano que oferece atendimento espiritual, promovendo a humanização e o conforto aos pacientes. 

O projeto é financiado a partir da indenização de um dano moral coletivo firmado em 2013 pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15a Região (Campinas) com a empresa Raízen Combustível e o Ministério Público do Trabalho. O procurador do trabalho, Dr. Ronaldo José de Lira, destaca que o projeto é mais que um serviço de saúde — é uma ação humanitária que atende populações vulneráveis, muitas abaixo da linha da pobreza.

Desde o início dos atendimentos em setembro de 2019, já foram realizados mais de 300 mil procedimentos em expedições na Calha Norte do Pará, em parceria com o Governo do Estado, por meio
da Secretaria de Saúde (SESPA).